Arun Gandhi chamou de violência “passiva” aquela em que o sofrimento é de natureza emocional.  Esse tipo de violência é invisível e mais insidioso que a violência “ativa”, que seria aquela que estamos acostumados a entender como violência, ou seja, brigar, espancar, gritar, falar mal, matar, guerrear.  A Violência passiva gera mágoa e raiva na vítima e ela normalmente responde violentamente para se defender atacando o outro (chacal pra fora) ou se atacando (chacal para dentro). Dessa forma, a violência passiva alimenta a fornalha da violência ativa. 

Para Marshall Rosenberg, que estruturou a Comunicação Não-Violenta, os “comportamentos trágicos” que adotamos para tentar expressar nossos sentimentos e necessidades e sermos compreendidos, acaba nos distanciando, desconectando do outro e gerando a violência ativa. Em suas pesquisas Marshall concluiu que a forma que aprendemos a pensar, falar e ouvir nos afasta de nossa natureza compassiva.  Nossa maneira de falar, nossas palavras induzem à magoa e à dor para nos mesmos e para os outros.  

Somente a análise e compreensão dos conceitos e tipos de violência e de como eles estão presentes nas nossas atitudes diárias fará frutificar os esforços pela paz, tanto interna como do mundo. “Como podemos apagar um incêndio se antes não cortamos o suprimento de combustível que alimenta as chamas?”, questiona Arun.

A CNV nos ajuda a encontrar soluções simples, mas de forma impressionantemente profunda, para compreender como fomos condicionados a embasar nossas atitudes em motivações egoístas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas. 

A prática da CNV possibilita o início do processo de reconstrução dos paradigmas que sustentam a forma de educar e estruturar consciência, permitindo que floresça o que há de positivo em nós:  o amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão, autocuidado e preocupação com os outros.  É uma forma de resgatar a nossa humanidade, construindo relações autênticas e verdadeiras, conectando-nos de coração para coração. 

Psic. Ma. Maria Aparecida de Oliveira

Texto embasado no prefácio do livro:  Comunicação Não-violenta de Marshall Rosenberg, escrito por Arun Gandhi.