Psic. Maria Aparecida de Oliveira)
Somos seres sociais e por isso nossos relacionamentos interpessoais são importantes para dar sentido à vida. No entanto, problema de relacionamento é um dos fatores que mais leva as pessoas a buscar terapia.
Os relacionamentos, fonte de nutrição de nossas necessidades, são também responsáveis pela ativação de nossos “esquemas emocionais” e se tornam disfuncionais e causa de muitos sofrimentos.
“Esquema emocional” é uma nomenclatura utilizada pela Terapia do Esquema (TE), desenvolvida por Young e colegas (Young, 1990, 1999). A TE define um esquema como “uma fonte de emoções, vivências, cognições e comportamentos que rege a maneira de ver o mundo e, em consequência, os relacionamentos. Logo, os esquemas influenciam quais dados serão rejeitados, aqueles que serão aprendidos e arquivados e o sentido atribuído a eles.” (Reis & Andriola, 2019)
A TE considera que o ser humano estrutura sua personalidade cumprindo etapas evolutivas, que vai do início da infância até a adolescência. Segundo Jeyfrey E. Young, existem cinco etapas evolutivas sucessivas que são fundamentais no processo de desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Nelas se encontram crenças e regras sobre aspectos fundamentais da vida. Cada uma dessas etapas determina necessidades emocionais específicas que precisam ser satisfeitas.
Na primeira etapa, que corresponde à fase inicial da vida, o indivíduo necessita de cuidado, empatia, amor, estabilidade e segurança.
Na segunda etapa, espera-se que as relações possam auxiliar na capacidade de funcionar de forma independente.
Na terceira etapa, pressupõe-se que os vínculos ofereçam uma aprendizagem sobre limites adequados e relações de reciprocidade.
Na quarta etapa, há a necessidade de liberdade para que a criança/adolescente siga suas próprias inclinações.
Na quinta etapa, a autoexpressâo, o relaxamento e o estabelecimento de relacionamentos íntimos dever ser estimulados.
Quando o meio ambiente não consegue contemplar essas necessidades de cada etapa os esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) são estabelecidos. Denominam-se sequencialmente, conforme cada etapa do desenvolvimento como: esquemas de desconfiança/abuso, inibição emocional, privação emocional, defectividade/vergonha e subjugação.
Esses esquemas, padrões emocionias e cognitivos autoderrotistas iniciados em nosso desenvolvimento desde cedo, são ativados e repetidos nos nossos relacionamentos ao longo da vida adulta e são veículos de mudança quando levados à terapia.
Nas sessões de terapia, o terapeuta se alia ao paciente para lutar contra os esquemas, usando estratégias cognitivas, afetivas, comportamentais e interpessoais. Uma das principais estratégias é a aliança terapêutica e a reparentalização limitada.
Nela o terapeuta ajudará o paciente a identificar seus esquemas emocionais quando eles são ativados, aprendendo a identificar suas necessidades não atendidas e as dores que foram transformadas em crenças e modos de agir para fugir e negar o contato com elas.
O Terapeuta assumi o papel de adulto (lugar de figura paterna) que normaliza, ajuda a nomear e validar os sentimentos e necessidades da criança ferida.
É também na terapia que o Cliente aprende a identificar seus modos criança vulnerável, raivosa ou autopunitiva e inflexível, hipercompensador e também a ativar seu modo adulto saudável e ser seu próprio terapeuta, praticando a autoempatia e autocompaixão.