Psic. Mariana Bergor Ferreira

A Comunicação Não-Violenta (CNV) propõe uma nova forma de nos comunicarmos, baseada numa linguagem estruturada na consciência sobre os sentimentos e necessidades de cada um. Essa consciência nos permite exercer a escuta empática e a expressão autêntica, que são os dois pilares que permitem a conexão entre as pessoas, de coração para coração.

A empatia é fundamental para os relacionamentos interpessoais, tanto no ambiente familiar, quanto no profissional. No texto de hoje vamos falar sobre o conceito e utilização da empatia nas nossas relações.

Muitas vezes agimos sem perceber como nossos pensamentos, palavras e ações podem gerar consequências negativas para nossas vidas e a vida das pessoas com as quais nos relacionamos.

Para Marshall Rosenberg (2006), psicólogo americano que estruturou a CNV, a empatia é “esvaziar a mente e ouvir com todo o nosso ser”. Para ele é uma capacidade, apropriadamente, descrita no ditado budista: “Não faça nada, só fique sentado”.

Para a CNV empatia é o exercício de focar e escutar, identificando os sentimentos e as necessidades que estão por trás da fala ou ação de cada um. Isso requer presença no aqui e agora.

Oferecer empatia é compreender de forma respeitosa o que está vivo dentro do outro, sem interromper o fluxo de sua fala.

Marshall traz em seu livro, “Comunicação Não-Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, alguns obstáculos podem interromper o fluxo da fala do outro e impedir a conexão, quais sejam: aconselhar: “acho que você deveria…”; competir pelo sofrimento: “isso não é nada, espere até ouvir o que aconteceu comigo …”; consolar: “não foi sua culpa, você fez o melhor que pôde…”(pg. 135), entre outros.

Quando estamos dispostos a escutar com empatia conseguimos ajudar o outro, contribuindo para que ele tenha clareza sobre seus sentimentos e necessidades diante da situação geradora de sofrimento, e assim apoiar a pessoa para encontrar as soluções para seus conflitos.

Muitas vezes confundimos empatia com ser “bonzinho” e fazer o que o outro quer para “consertar a situação”, sendo que, na verdade, o objetivo da escuta empática é ajudar o outro a identificar seus sentimentos e necessidades reais, escondidos por traz dos julgamentos moralizantes e críticas. Damos ao outro o espaço necessário para se expressar completamente e se sentir acolhido e amparado para encontrar o caminho das soluções.

Num diálogo difícil, no qual escuto a fala literal do outro e compreendo como ameaça ou ofensa ou como crítica e julgamento, minha resposta será reativa e, provavelmente, o conflito resultará em desconexão e desavença. Quando mudo minha forma de escutar e utilizo a empatia, também mudo a forma como recebo a mensagem, conseguindo enxergar a humanidade do outro e nossa relação se tornará maravilhosa.

Você já parou para pensar sobre a maneira como você se comunica e como isso influencia positiva ou negativamente suas relações e a qualidade de sua vida?